Por ser um final de semana, vou me abster de escrever sobre essas coisas que brotam como capim, nessa terra inóspita da gestão municipal. Vou contar história como todo velho faz ao sentar numa varanda, eles só precisam de uma cadeira e de alguém para escutá-los. Vou revisitar o Duque de Caxias, Duque para os íntimos, antigo povoado nascido antes de Teixeira de Freitas e que guarda em sua história acontecimentos imorredouros. Já contei inúmeras histórias do Duque, mas essa que vou contar é inédita.
Havia naquele tempo no Duque, apenas uma estação de rádio, como eram chamadas as rádios naquela época. Na verdade, chamar a La Plata, ela tinha esse nome pomposo, de estação de rádio era querer muito. Ela funcionava na casa do seu dono, Zezinho cigano,um rapaz que chegou no Duque junto com a família, vindo do município de Pau Redondo. Ele dizia a todos no Duque que tinha montado a rádio para servir a igreja evangélica a qual pertencia.Na verdade ele tinha pretensões políticas e usava a rádio para esse fim. Zezinho Cigano não tinha muitos amigos, era uma pessoa fechada, diziam no Duque que ele era uma pessoa sem caráter, gostava de explorar os funcionários da loja que ele tinha no Duque. Zezinho gostava mesmo era de viver agarrado as calças dos políticos da época, bajulando, puxando o saco, ganhando dinheiro com eles. Colocando a sua rádio a serviço daquele que estivesse no poder, claro que em troca de um polpudo pagamento.
Quando o coroné Nezinho Gotardo assumiu a prefeitura do Duque, derrotando um antigo político, Zezinho cigano, pulou para o colo do coroné Nezinho Gotardo, dizem que a troco de 20 mil réis, dinheiro da época.
Na rádio La Plata só existia um programa bom de ouvir, era um jornal apresentado pelo locutor de maior audiência do Duque, chamado de Gargantão. No seu programa, Gargantão criticava e denunciava as falcatruas do coroné Nezinho Gotardo, ele mostrava ao povo do Duque quem era o verdadeiro ladrão que estava assaltando os cofres da prefeitura do Duque. Gargantão denunciava isso tudo na rádio do Zezinho cigano que recebia uma boa quantia do prefeito.
O coroné Nezinho Gotardo, foi até a casa do Zezinho cigano, onde ficava a rádio La Plata e, se impôs como coroné que era, tomando uma atitude truculenta, covarde, impedindo o povo do Duque de saber a verdade, mandou demitir o Gargantão. Zezinho cigano, como diziam, era um mau-caráter de berço, diziam até que ele tinha feito um juramento de ser mau-caráter a vida toda, não titubeou, mandou o Gargantão embora e salvou, como todo Judas, as 20 moedas de ouro.
Só que o coroné Nezinho Gotardo esqueceu que o povo do Duque gostava muito do Gargantão e, com essa atitude, ele preparou o cenário para suicidar-se politicamente. E como todos ficaram sabendo depois, ele desapareceu do cenário político do Duque.
Por Érico Cavalcanti.
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