Stelita, minha querida sogra, partiu depois de cumprir por 103 anos sua missão aqui no nosso plano. Partiu para o firmamento, foi ao encontro das estrelas de onde ficará observando-nos.
Em noite de Lua grande, o céu irradiando o azul, cada um de nós, filhos, netos, bisnetos e genros , vamos olhar para a imensidão daquele céu e vamos ver uma estrelinha, a menor de todas as estrelas e, vamos escutar o som de um piano, a música será aquela que gostávamos de ouvir e pedíamos pra que ela tocasse. Eu gostava de ouvir o tango brasileiro composto pelo Ernesto Nazareth, Odeon. Eu gostava também de ouvir uma valsa da Chiquinha Gonzaga, chamada Borboleta, uma música triste, mas essa ela não chegava ao final, não sei o motivo e nunca quis perguntar.
Quando fiz 70 anos, para comemorar essa marca do tempo vivido, lancei um livro de poesias. Cada poesia tem o comentário do meu amigo, que também já partiu, Ramiro Guedes. Na página 60 do livro, eu coloquei a poesia que tinha feito pra ela alguns anos antes. A qual reproduzo aqui, como uma homenagem a Stelita. Abaixo da poesia o comentário do Ramiro.
STELITA
De assunto em assunto o amor secou.
Olhando para o chão com olhos verdes de esperança,
Os filhos com caminhos andados
Os netos livres, começando
De assunto em assunto.
As mentiras das raizes cortadas, Volta no interior da terra nascida,
A fuga do homem que ficou,
O amor ainda secou e secou,
Os olhos verdes choraram
Vidas mais separadas
Como o nome a estrela ficou mais só,
De assunto em assunto,
Tudo foi secando,
A vontade está “ chocha”
O piano calou e calado o grito da fantasia
Vó com cara de neto
De assunto em assunto
Sentando no piano e voando
Sonhando com a mulher
Mulher que é uma mulher.
(“ O paralelo de Stelita com a pequena estrela lembra o pequeno pardal de Piaf. A Stelita, nas mãos do poeta, será sempre maior. ”)
Por Érico Cavalcanti
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